terça-feira, 15 de maio de 2012

15 de maio: Humiliana de Cérchi


Nasceu em Florença, filha de Olivério dei Cérchi, descendentes de antigos senhores feudais. Por perder a mãe quando era ainda criança, foi educada pela madrasta Ermelina, consanguínea de São Filipe. Em 1234, com apenas 15 anos, foi por vontade dos familiares dada como esposa a um usurário nobre. Nesse casamento de puro interesse viveu cinco anos, e dele resultaram duas filhas. Com um feitio completamente diferente do marido, teve a sorte de durante esse período ser amparada por uma dedicada parenta de Ravena. Todos os dias dedicava logo pela manhã algum tempo à oração mental; chegava a privar-se de alimentos e roupas para alimentar e vestir os pobres:  a todos dava exemplo de autêntica piedade e caridade.
Em 1239, aos 20 anos de idade, ficou viúva. Renunciou a parte do dote para liquidar as dívidas do defunto marido, e dedicou-se com mais empenho à educação das filhas. Transcorrido o ano da viuvez, voltou para a casa paterna, forçada a deixar as filhas aos consanguíneos do falecido esposo. Confirmou uma vez mais o propósito de viver em castidade, rechaçando propostas e ameaças dos familiares, que queriam que ela voltasse a casar. Várias vezes pediu às clarissas de Monticélli para admitirem no mosteiro, mas em vão. Resignada a viver no mundo, escolheu para diretor espiritual o franciscano Beato Miguel dos Albertos, e progrediu em especial na contemplação de Jesus crucificado. Em 1240 recebeu o hábito franciscano da penitência na igreja de Santa Cruz: foi à primeira cristã a fazer-se franciscana em Florença, logo seguida por muitas outras santas mulheres.
Em 1241 pediu e obteve do papa autorização para viver isolada na torre dos Cérchi, ao pé da Praça da Senhoria. Mas mesmo nesse isolamento sofreu perseguições e contrariedades. Privada dolosamente de grande parte dos bens, em vez de se irritar, até se alegrou com isso e deu esmolas, distribuindo pelos pobres o pouco que lhe restava. Foram muitos os carismas com que Deus a agraciou: êxtases, espírito profético e poder taumatúrgico.
Muitos episódios da sua vida mereceram ser inscritos em florilégios legendários, como o de ser curada duma chaga dolorosa por meio dum sinal da cruz traçado por mão invisível, ou de fazer com que água substituísse o azeite para alimentar a lamparina do Santíssimo. Pela madrugada, o despertador para a oração da manhã era o seu Anjo da Guarda. Uma vez, morta de sede, veio a Virgem Maria dar-lhe de beber. Outras vezes era Jesus que para ela se alimentar lhe dava pão e lhe transformava a água em vinho. O mesmo Jesus lhe ressuscitou uma filha, acometida de morte súbita. Quando Satanás vinha tentá-la com alucinações e seduções, ou então meter-lhe medo com imagens repelentes, a sua firmeza de fé defendia-a sempre desses assaltos.
Rodeada já em vida dessa auréola de santidade, morreu a 19 de maio de 1246, com a idade de 27 anos, e foi sepultada na igreja de Santa Cruz.

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