quinta-feira, 5 de julho de 2012

05 de julho: Santos Antônio Fanto Fantosati, bispo, José Maria Gambaro, e Cesídio Giacomantônio de Fossa, sacerdotes.


Antônio Fantosati nasceu em Santa Maria do Vale, na província de Perúsia, a 16 de outubro de 1842. De compleição franzina, dir-se-ia que o seu destino seria o de um elegante e pacato aldeão. Puro engano. Recebido na OFM, e ordenado sacerdote aos 23 anos, partiu como missionário para a China. Foi colocado primeiramente em Hupe, onde ficava a sede do Vicariato e a residência principal da missão. Dos 33 anos de apostolado passados nessas terras longínquas, os sete primeiros, nesse centro missionário, foram os mais calmos, permitindo-lhe dedicar-se ao estudo e prática da língua, até conseguir falá-la com tal perfeição, que lhe chamavam “o mestre europeu”.
Passou depois a La-o-kow, centro fluvial de primeira importância, onde durante 18 anos exerceu o ministério com raro tato e prudência, e com singular compreensão da mentalidade do povo chinês. Foi administrador apostólico do alto Hu-pe, quando a China foi vítima duma carestia e dum surto de peste. Em 1878 fundou um orfanato para crianças abandonadas e organizou a distribuição das ajudas que chegavam em grande quantidade da Europa. A seguir foi vigário geral do bispo Banci e colaborou na construção do grande templo de três naves, em estilo românico, do Sagrado Coração. Em 1888 foi numa visita rápida à Itália. De regresso à China, foi nomeado bispo titular de Adana e Vigário Apostólico do Hu-nan meridional.
Estavam-lhe reservadas para os seus últimos anos muitas cruzes e perseguições, que no entanto não lhe esmoreceram o zelo. Na feroz perseguição dos Boxers pereceram, só em Shansi, mais de 20.000 cristãos. Precedido no martírio pelo P. Cesídio Giacomantônio, que morrera a 4 de julho, Santo Antônio e o P. José Maria Gambaro acudiram ao local do perigo, onde chegaram três dias depois. Foram logo reconhecidos e atacados pelos revoltosos com uma chuva de pedras e objetos contundentes, e barbaramente assassinos. O martírio do bispo prolongou-se por mais de duas horas entre indizíveis tormentos, até que um pagão, vendo-o ainda vivo, o atravessou dum lado ao outro com um dardo de bambu terminado numa aguda ponta de ferro. Os dois cadáveres foram primeiro lançados ao rio, mas depois recolhidos para serem incinerados e as cinzas serem dispersas na água ou lançadas ao vento, a fim de se tornar impossível dar-lhes a honra duma sepultura. Algumas testemunhas afirmaram ter visto no lugar do suplício dois anjos a subir ao céu. Por sua vez, numerosos pagãos que presenciaram a cena do martírio, exclamaram: <<Estes missionários eram verdadeiramente homens justos>>.
Cesídio Giacomantônio  de Fossa recebera o nome de Ângelo quando nasceu em Fossa, nos Abruzos (província de Áquila), a 30 de agosto de 1873. Já desde jovem costumava visitar com frequência o solitário convento de Ocre, onde repousam os restos do B. Bernardino de Fossa e do B. Timóteo de Montícchio. Orando diante das suas urnas, começou a sentir germinar no coração a vocação religiosa e o desejo da vida franciscana.
A 21 de novembro de 1891 foi recebido na OFM, vestindo o hábito franciscano com o nome de Cesídio, em memória dum jovem mártir. Depois da profissão religiosa, completou os estudos em vários conventos, até ser ordenado sacerdote. Depois de exercer por algum tempo o ministério da pregação, foi enviado a Roma como candidato às missões. Levada a bom termo a formação missionária apropriada, partiu para a China juntamente com dois confrades. Ao chegar foi acolhido com imensa alegria pelo Vigário Apostólico, o bispo Antônio Fantosati. Apesar do ambiente de perseguição, nunca desistiu de pregar, de converter e de batizar em nome do Senhor. E o seu apostolado era frutuoso, até pelo fato de ter aprendido na perfeição a língua chinesa.
Numa carta dirigida aos pais pouco antes do martírio, descreve a alegria de se encontrar na China, pede orações pela conversão dos infiéis, e acrescenta: <<Procuremos tornar-nos santos; se alcançarmos essa graça, poderemos cantar no céu um Aleluia eterno>>. No dia 4 de julho de 1900, a missão onde ele se encontrava foi invadida pelos Boxers. O P. Cesídio foi a correr à capela para consumir o SS. Sacramento, e logo de seguida enfrentou a raiva dos perseguidores. Foi assassinado a golpes de lança e à paulada. Contava apenas 27 anos, e foi assim o primeiro mártir na perseguição dos Boxers de 1900.
José Maria Gambaro nascido na província de Novara, a 7 de agosto, recebeu no batismo o nome de Bernardo. Com 13 anos entrou no colégio seráfico, e com 17 recebeu o hábito religioso dos frades menores e o nome de José Maria.
Ativo e ao mesmo tempo circunspecto, entusiasta sem deixar de ser prudente, foi apreciado pelos superiores, ao ponto de o escolherem, quando ainda era clérigo teólogo, para assistente dos irmãos jovens em Ornavasso. Uma escolha muito acertada, pois a sua natureza perspicácia, aliada ao bom exemplo que dava e à afabilidade com que a todos tratava, produziu copiosos frutos naqueles jovens que se preparavam para o sacerdócio e para a vida religiosa franciscana. Apenas ordenado sacerdote, em 1892, foi nomeado reitor do colégio de Ornavasso. Por um ano apenas, porquanto, secundando os seus desejos, os superiores permitiram-lhe seguir a vocação missionária. Em 1896 abandonou a Itália, e ao chegar à China foi destinado a Hu-nan.
A nova experiência num primeiro momento apresentou para ele grandes dificuldades: os usos e costumes tão diferentes dos europeus não foram tão difíceis de assimilar como a língua. O vigário apostólico Fantosati, considerando as ótimas qualidades de Gambaro, destinou-o a um seminário, onde durante três anos foi reitor e professor, e incutiu entusiasmo em três jovens seminaristas que o admiravam e imitavam. Mas quando faltou o missionário duma importante cristandade, José Maria foi encarregado de o substituir. Com serena fortaleza e absoluto abandono nas mãos do Senhor conseguiu fazer frente à vida missionária ativa e às suas inevitáveis dificuldades.
No Pentecostes de 1900 foi chamado a Lei-yang por Mons. Fantosati, e passados poucos dias dirigiram-se ambos a um lugar onde os pagãos tinham destruído a capela, a fim de providenciarem à sua reconstrução. Aí se abateu sobre eles a perseguição, que também estalou de improviso na residência do vigário apostólico. Logo que receberam as primeiras tristes notícias, apressaram-se ambos a regressar à sede. Debalde os cristãos insistiram com eles para se esconderem num refúgio seguro; ambos declararam sem hesitação que o seu lugar era junto do rebanho em perigo, custasse o que custasse, e para lá embarcaram de imediato. Quando ao fim de três dias chegaram ao seu destino, foram recebidos por uma turma fanática e enfurecida e ao desembarcarem foram imediatamente linchados e assassinados. Alguém contou que o P. José Maria, já agonizante, ainda teve forças para pronunciar as suas últimas palavras sobre a terra: << Jesus, tem piedade e salva-nos >>. Era o dia 7 de junho de 1900, e ele contava 31 anos de idade, 14 de religioso, 8 de sacerdócio e 4 de missionário.

04 de julho: Santa Isabel


Nasceu em 1271. Seu pai era Pedro III, rei de Aragão; e a mãe, Constança, era filha do rei da Sicília Manfredo e sobrinha do imperador Frederico II. Deram-lhe no batismo o nome de Isabel, em memória da sua célebre tia, Santa Isabel da Hungria, já canonizada 40 anos antes pelo papa Gregório IX. Logo após uma meninice muito breve, foi dada em casamento ao jovem rei de Portugal, D. Dinis.
Os portugueses acolheram-na com entusiasmo e não foram defraudados pela jovem soberana, na sua vida privada simples e austera, mas generosa e pródiga para com os outros. Teve dois filhos: Afonso, herdeiro do trono, e a princesa Constança.
Teve pouca sorte com o marido, que não se mostrou digno duma esposa tão piedosa com Deus e dedicada à família, que alternava os deveres familiares com rigores voluntários e quase  monásticos. O rei preferiu outras mulheres e outras aventuras. Isabel, embora sofrendo com isso, sempre se portou com dignidade, escondendo a amargura que sentia. No segredo do coração orava a Deus pela conversão do marido, e embora fosse humilhante para ela, não se recusou a educar com o mesmo afeto juntamente com os próprios filhos outros que não eram dela. O marido às tantas começou a suspeitar da fidelidade da mulher, e um cortesão malévolo atiçou-lhe o fogo do ciúme, atribuindo caluniosamente à rainha um relacionamento menos honesto com um pagem. Mas em resultado de várias circunstâncias, o próprio rei se viu obrigado a reconhecer a absoluta inocência de Isabel.
Outra fonte de amarguras para a santa rainha foram as desavenças entre o marido e o herdeiro do trono, Afonso. Empenhou-se com afã em reconciliar esses dois entes tão queridos, agora incompatibilizados um com o outro, e por fim veio a ser desterrada, por suspeitas de conspirar contra o rei. Depois da morte deste, da filha e do genro, a amargurada Isabel renunciou ao mundo e à sua condição de rainha. Vestiu o hábito da TOF e partiu em peregrinação para Santiago de Compostela. Distribuiu as riquezas pelos necessitados, e estava disposta a entrar no mosteiro das clarissas por ela fundado em Coimbra se a não tivessem aconselhado a continuar no mundo para prosseguir nas suas obras de caridade. Mas passou a viver perto desse mosteiro, e vestida com o hábito das filhas de Santa Clara, incansável na sua atividade de bem fazer. Outra guerra civil e familiar, agora entre o filho e o neto, obrigou-a a uma nova e dolorosa peregrinação, até se fixar definitivamente em Estremoz, precisamente no lugar onde o rei D. Dinis, muitos anos antes, a tinha recebido como esposa. Ao morrer diz-se que teve uma visão: “uma senhora muito bonita, vestida de branco, a aproximar-se dela” – seria a Imaculada Conceição, em cuja honra ela tinha dedicado uma igreja em Lisboa, cinco anos antes da definição dogmática dessa prerrogativa de Maria. Morreu a 4 de julho de 1336, com 65 anos de idade.

terça-feira, 3 de julho de 2012

03 de julho: Beato Carmelo Volta

Carmelo Volta é modelo protetor dos sacerdotes com cura de almas. Exerceu com zelo a função de pároco, primeiro em Ain-Karen (S. João da Montanha), e mais tarde em Damasco, onde conquistou a simpatia de toda a gente, inclusivamente dos muçulmanos, e onde veio a sofrer o martírio em conjunto com vários confrades. Era espanhol, da região de Valência, onde nascera em 1803. Os pais, depois de o terem educado cristãmente em família, confiaram-no aos cuidados dos irmãos das escolas pias, para por eles ser orientado e instruído.
Contava 22 anos quando finalmente conseguiu realizar o seu sonho de se consagrar a Deus na OFM. Percorridos os trâmites da provação e da formação espiritual e cultural, recebeu a ordenação sacerdotal. Em 1831 chegou à Terra Santa, onde se encontrou com o B. Manuel Ruiz, com quem de futuro esteve sempre unido num mesmo ideal, a combater num mesmo campo de batalha, e a alcançar o mesmo triunfo do martírio. Animado pelo espírito de Deus, dedicou-se com extraordinário zelo ao bem das almas a ele confiadas. Dessa fogosidade apostólica resultou que aos 57 anos de idade já se sentia muito limitado de forças físicas. Pedindo um coadjutor, teve-o na pessoa do jovem padre Engelberto Kolland.
Na noite de 10 de julho de 1860, os drusos invadiram o convento. Carmelo refugiou-se num esconderijo da escola paroquial, mas foi descoberto por um turco que o golpeou à bastonada. Um jovem que presenciou a agressão correu em auxílio do pároco, mas este aconselhou-o a fugir. Pouco depois chegaram outros mulçumanos que prometeram salvá-lo, desde que renunciasse a fé cristã e aderisse ao Islã. Indignado com semelhante proposta, gritou: <<Não faltava mais nada! Eu fazer-me turco! Sou cristão, sou sacerdote, e discípulo de Cristo até a morte!>>. Os mulçumanos não quiseram ouvir mais nada: mataram-no à pancadaria, enquanto ele repetia invocações a Deus. Estava imolado a segunda vítima. O céu recebia um novo cidadão, enquanto na terra ressoavam blasfêmias e imprecações contra os discípulos de Cristo. Carmelo Volta tinha 57 anos.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

02 de julho: São Jerônimo Werten

 Nasceu na pequena cidade de Werten, em uma família católica. Um jovem muito alegre, extrovertido e dinâmico. Ingressou na Ordem dos Frades Menores e sempre mostrou grande amor à paixão de Cristo e às dores de Nossa Senhora. Viveu como missionário na Palestina onde foi perseguido e torturado pelos Muçulmanos e repatriado. Em sua terra é que sofreu o martírio.
Na Terra Santa sofreu grande perseguição, inclusive com a incisão, no braço direito e no peito, de uma cruz vermelha, abalando-lhe profundamente a saúde.
Na Holanda, foi morar em Gorcum, onde dedicou-se à pregação por cidades e aldeias, sendo conhecido como o “peregrino da Terra Santa”.
Foi um dos detidos em 9 de julho de 1572 e teve a mesma sorte dos outros confrades: vexames, chacotas, torturas, tentativas frustradas de perjúrio. Contava com 50 anos quando foi martirizado.

01 de julho: São Teodorico Endem

 Nasceu em 1499 em Amersfoort, na Holanda. Desde cedo sempre mostrou-se muito caridoso e amável com todos, manifestando o desejo de ser franciscano ainda bem jovem. Os pais tentaram fazê-lo mudar de idéia, mas ele foi firme em seu propósito. Viveu por muito tempo no convento franciscano de Gorcum dedicando-se à escuta de confissões. Era também confessor e diretor espiritual das Irmãs Terceiras Franciscanas.
Com a Reforma Protestante de Lutero e Calvino a situação dos católicos da Holanda ficou muito complicada. Os calvinistas começaram grande perseguição. Em 1572 apoderaram-se da cidade de Gorcum, prenderam os franciscanos e outros religiosos e sacerdotes, expuseram-nos a ridicularizações públicas, torturas com o intuito de os obrigarem a renunciar à fé católica, renegando a Eucaristia e o Primado do Papa. Como todos permaneceram firmes na fé, foram condenados à forca. Foram mortos no dia 9 de julho de 1572, sendo Teodorico, com 73 anos, um dos heróis mártires de Gorcum.